Tinha um bom emprego no setor de arquitetura corporativa. Equipe e chefia bacana, trabalhávamos com os melhores do setor, escritório em um bairro chique da cidade. Fazia um bom trabalho. Mas não estava satisfeito. Os projetos eram muito longos, 95% do tempo era um trabalho maçante e pouco criativo. Eu sei, qualquer profissão é assim, mas mesmo assim queria tentar algo diferente.
Me sentia desconectado do mundo, fazendo prédios altos e calculando a área de venda x área construída.
Sempre me considerei uma pessoa simples, e queria algo mais próximo do dia a dia das pessoas.
Quando já não havia mais trabalhos nesta empresa, com a crise financeira de 2015/16, ao invés de seguir na área, resolvi tentar algo novo. Algo mais simples, menos burocrático. Busquei algo que aproveitasse uma habilidade recém adquirida: fazer móveis.
Fui numa onda que talvez muita gente passe na carreira, "tentar ganhar dinheiro fazendo o que amo".
Achei que seria aquele sábio nipônico em sua oficina, fazendo móveis com encaixes, vivendo uma vida simples e seguindo o ritmo da natureza.
Mas descobri que havia um abismo entre o que eu achava que as pessoas queriam com o que elas de fato queriam. E que seguindo o ritmo da natureza, minhas contas não seriam pagas. Boleto chega todo mês. Meu desafio agora era esse.
Com os boletos na mão, e minhas economias do mundo corporativo diminuindo mês a mês, percebi que só a vontade de fazer algo diferente não bastava.
Tinha que me expor, avisar os amigos que eu estava no mercado, buscar parcerias, ir atrás de projetos.
Quando você se expõe no mundo, as coisas começam a acontecer. Um chef amigo que precisa de um projeto de restaurante te manda uma mensagem... um designer amigo precisa de um parceiro para executar uns móveis... e assim comecei. Me expus e os trabalhos começaram a surgir. Era a hora de arregaçar as mangas.
Mas isso era só o começo, as dificuldades de começar um negócio são tranquilas perto das dificuldades de manter um negócio. Mas isso é história para outro post.
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